Academia de Letras da Bahia elege a poeta baiana Heloísa Prazeres como nova imortal

Academia de Letras da Bahia (ALB) elegeu, nesta sexta-feira, 4, a poeta Heloísa Prazeres para a cadeira do ex-governador e professor Roberto Santos, que faleceu em 9 de fevereiro de 2021, deixando vaga a cadeira 26, que ocupava desde 1971. 

“É muito importante valorizar os nosso profissionais baianos. Meus sentimentos pelo professor Roberto Santos e parabéns pelo reconhecimento, Heloísa Prazeres. ” Júnior Borges

Após ser indicada enquanto candidata única pelos membros titulares da casa,  a escritora obteve 29 votos e tornou-se a mais recente imortal das letras baianas. A cerimônia de posse está prevista o próximo mês de julho. 

Quem Heloísa Prazeres

Poeta, ensaísta e professora universitária aposentada, casada, Heloísa Prata e Prazeres reside em Salvador, é natural de Itabuna-Bahia, nascida em 21 de junho de 1946, filha de sergipanos migrados para o Sul da Bahia. Na cidade natal, às margens do rio Cachoeira, cercada pelas plantações de cacau e pela Mata Atlântica, passou infância e adolescência.

Em casa havia forte estímulo a leituras de obras juvenis, também era ouvinte de histórias fantasiosas, contadas oralmente. Já residindo em Salvador (1960), foi estudante do Colégio Estadual Severino Vieira, educada pelo gosto artístico da vida nacional, resultante da construção do nacionalismo.

Frequentou o colégio Central da Bahia (1965), à época ainda um celeiro de novidades − geração seguinte à que promovera o histórico processo de renovação e conceituação vanguardista de expressões artísticas. Cursou Letras Vernáculas, com Inglês, no Instituto de Letras da Universidade Federal da Bahia, UFBA.

Concluiu o Bacharelado, então como monitora junto à cadeira de Literatura Portuguesa, com a saudosa Profa. Jerusa Pires Ferreira, foi absorvida pelo Departamento de Vernáculas da Universidade Católica de Salvador.

Outras atividades de vida associativa, na área de criação: o curta-metragem “Caranguejomem” (é a autora dos versos que aparecem na película), em parceria com Jamison Pedra – 5º Prêmio Nacional do Festival Brasileiro de Cinema Amador (Jornal do Brasil, RJ, 1969); produção dos primeiros artigos, publicados no Suplemento de Cultura do Jornal Tribuna da Bahia.

Na vigência do curso de Letras, sob orientação da saudosa Profa. Judith Grossmann, de quem foi aluna, nos cursos de graduação e na pós-graduação – e com quem chegou a realizar atividades de extensão (ciclos de estudo e eventos de recitação da poesia brasileira). Efetivada na UFBA como Auxiliar de Ensino (1974), concentrou-se nas atividades de docência, pesquisa e extensão no Departamento de Letras Vernáculas (1974-1994).

Por aquela época, começara a perceber e a assumir com mais consciência um papel intelectual, como Professora do Curso de Graduação em Letras. Procedimentos de grande liberdade associativo-imaginativa, como os encontrados na obra poética e nas cartas de Cesário Verde, ocupavam o seu interesse e curiosidade. Tal perspectiva viria a tornar-se a espinha dorsal de trabalhos futuros, no curso de Mestrado em Teoria da Literatura.

A partir de 82, cursou o doutorado em Literatura (no Departamento de Línguas e Literaturas Românicas da Universidade de Cincinnati, Ohio, EUA); a professora universitária baiana, viajou para a América do Norte, com a família, tomou, então, partidos distintos, nessa experiência de exílio voluntário, quando da opção pelo método comparatista, pode acessar a radicalidade das propostas do chamado nouveau roman francês e foi desvendando os caminhos que levaram ao realismo mágico, às vanguardas latino-americanas e à nueva novela.

No retorno ao país (1985), teve intensa participação na vida acadêmica da Instituição FACS (hoje UNIFACS), quando fez uma espécie de retorno à semente e dispôs-se a adaptar estudos acadêmicos a um formato de livro, sobre o modo de formar de três narradores baianos, Jorge Amado, Adonias Filho e Herberto Sales (na perspectiva de narrativas de testemunho, narrativas da terra. Em 2000, publicou Temas e Teimas em narrativas baianas do centro-sul.

Estabeleceram-se novas bases estruturais e conceituais no seu itinerário, quando, em 2003, ingressou na Fundação Cultural do Estado da Bahia, a fim de coordenar a criação de um Núcleo de Referência Cultural e subsequentes bases de planejamento do Projeto Referência Cultural em Rede, que como principal meta, visou à colocação do Estado da Bahia nas correntes de compartilhamento do seu patrimônio.

Os resultados deste trabalho foram descritos em artigo que consta do livro Arcos de sentidos, literatura, tradução e memória cultural (2018). Voltou-se, desde então, com exclusividade para atividades de escrita autoral, predominantemente de poesia, tradução, edição, organização de obras literárias.

Foi Professora adjunta, hoje aposentada, do Instituto de Letras da UFBA. Foi titular na Universidade Salvador, Unifacs. Coordenou o Núcleo de Referência Cultural da Fundação Cultural do Estado da Bahia.

Fonte: A Tarde

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