Inquieta pelas desigualdades que perpetuam em nosso país, a baiana e administradora, Amanda Brito, 34 anos, que nasceu com uma doença rara chamada de osteogênese imperfeita, popularmente conhecida como ‘ossos de vidro’, resolveu produzir um projeto, juntamente com o seu companheiro e também fotógrafo Fabiano Orleans, 32, de uma consultoria de Recursos Humanos, que visa impulsionar a diversidade e inclusão de profissionais com deficiência nas empresas.
“A educação sempre será a porta para grandes oportunidades e esse avanço no processo de inclusão é muito importante, principalmente dentro do mercado coorporativo.” Júnior Borges
De acordo com a administradora, “são 45 milhões de brasileiros com algum tipo de deficiência, contudo, apenas 1% está no mercado de trabalho”. Diante disso, o casal lançou, em março deste ano, uma plataforma de vagas voltadas para profissionais com deficiência, um projeto social intitulado de Instituto AB.
“Um dos principais serviços do nosso portifólio é justamente fornecer uma conexão [entre empresa e profissional com deficiência]”, afirmaao Portal A TARDE. Ainda segundo a profissional, “a inquietação trouxe clareza para o meu propósito, que é realmente contribuir para reduzir as desigualdades no nosso país, e meu foco foi no mundo coorporativo especificamente”, prossegue.
A atuação da empresa se dá em três eixos. O primeiro de recrutamento e seleção de profissionais com deficiência, onde essas pessoas podem cadastrar seus currículos no banco de talentos. O segundo de educação coorporativa, onde serão desenvolvidos programas de aprendizagem, treinamentos, workshops e capacitações voltados para a diversidade. E o último é de consultoria, com o intuito de apoiar na construção e implementação desses processos inclusivos, para promover a diversidade, como fator estratégico para inovação.
Com todas as dificuldades enfrentadas, ela passou a olhar para a educação como uma impulsionadora para romper barreiras. “A educação foi a única oportunidade que eu tive de romper o ciclo de invisibilidade, no qual muitas pessoas com deficiência ainda estão inseridas”, ressalta.
Na graduação de administração em uma universidade federal, embora tivesse acesso a mesma qualidade de ensino, ela foi reprovada em cinco entrevistas de emprego. Na visão de Amanda, isso está a desigualdade. “O fato de eu ser cadeirante influenciou para que, em grande parte desses processos seletivos, eu não fosse selecionada, mesmo com a Lei de Cotas, que vai completar 30 anos agora em 2021”, explica.
Nesse viés, ela afirma que há muito que “avançar nesse processo de inclusão das pessoas com deficiência, na sociedade de forma geral, mas principalmente no mercado de trabalho e no mundo coorporativo como um todo.
Ao chegar ao final do curso, em 2010, ela mudou de estratégia, perpassando por três empresas públicas de economia ao longo de nove anos. Na ocasião, ela que já tinha sido a primeira aluna cadeirante da instituição federal, começou a perceber ainda mais a desigualdade. Logo, durante essa trajetória, Amanda conta que os desafios a levaram a pensar sobre um propósito que pudesse contribuir para a mudança no mundo coorporativo. Foi quando o projeto do Instituto foi aperfeiçoado e colocado em ação.
A administradora, que já atuava prestando consultoria de empresas que estavam surgindo no mercado, agora consegue ter um ambiente virtual próprio, que facilita ainda mais na contribuição para o rompimento das desigualdades no âmbito do mercado de trabalho.“É um negócio carente, que tem poucas empresas especializadas hoje no Brasil, não só de recrutamento e seleção, mas que realmente desenvolvam ações de aprendizagem de uma forma geral, com educação coorporativa, olhando para a diversidade especificamente”, destaca.
Fonte: A Tarde
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