Família de vítima de acidente vive drama no Hospital Geral de Camaçari

O Hospital Geral de Camaçari (HGC) mais uma vez se torna alvo de crítica. Desta vez, as insatisfações quanto à estrutura da unidade hospitalar que atende Camaçari – e outras cidades da Região Metropolitana – envolve a vida de Rosimeire da Silva Carneiro de Jesus, de 46 anos, natural de Serrinha.

A moradora do bairro dos Quarenta e Seis sofreu um acidente no último sábado, 1, quando estava de carona em uma moto. O acidente aconteceu por volta das 17h, na Avenida Concêntrica, bairro Alto da Cruz. Segundo informações do sobrinho, Wilder Mota, 24 anos, quem pilotava a motocicleta era o prórpio marido de Rosemeire, Manuel de Jesus.

Com a queda, ela bateu forte com a cabeça, o que causou perda de massa encefálica. A família contou que um motorista que conduzia um Uno Mile perdeu o controle do veículo e acabou atingindo a moto, sem dar chances de desvio para o condutor devido à rapidez com que tudo aconteceu. Segundo o irmão da vítima, José Altamiro de Araújo, o motorista do Uno apresentava sinais de embriaguez. Ele chegou a ser ouvido na 18ª Delegacia Territorial (DT) de Camaçari, mas foi liberado. “Um absurdo, ele quase tirou a vida de minha irmã, estava bebendo e mesmo assim não ficou preso”, disse, indignado, Altamiro.

Rosemeire estava em busca de uma unidade de saúde para uma consulta simples, motivada por uma dor abdominal que sentiu durante o dia. “Eles estavam procurando atendimento em um posto porque ela não estava se sentindo bem, estava com uma dor forte na barriga”, contou o sobrinho.

Falta estrutura

O desespero da família se tornou ainda maior pela decadência na estrutura oferecida pelo Hospital Geral de Camaçari (HGC), para onde ela foi levada logo após o acidente. Ao chegar ao HGC, a família procurou a equipe médica para saber como estava o estado de saúde de Rosemeire, mas não havia muita informação a dar. “Só disseram que era muito grave o estado dela e só uma tomografia poderia dar mais detalhes da situação”, ressaltou Wilder.

A tomografia seria o passo inicial para diagnosticar o estado da paciente, que completou três dias no HGC sem fazer o procedimento necessário. Ocorre que a unidade está com o equipamento quebrado há mais de um ano e ainda não foi reparado ou substituído pelo governo do estado, que é quem mantém do hospital.

Mesmo com as duras críticas da oposição quanto à decadência do único hospital que atende Camaçari e região, o atendimento e os equipamentos ainda não fazem jus ao tamanho e riqueza da cidade, que detém o segundo maior PIB da Bahia. “Já era para Camaçari ter um hospital municipal preparado para atender esse tipo de situação. Essa foi uma das minhas primeiras cobranças na Câmara de Vereadores, logo que assumi o mandato”, afirma Júnior Borges.

O vereador Júnior Borges (DEM) tem cobrado dos governos estadual e municipal uma intervenção na saúde, através de uma medida emergecial, mas, ao que parece, não há vontade nenhuma de solucionar os problemas na saúde de Camaçari por parte de quem tem autonomia para executar. “Fiz várias propostas à saúde e ainda não vi nada mudar na no município. As mesmas queixas, os mesmos problemas de sempre e nem o município, nem o governo do estado tomam uma iniciativa”, diz Júnior.

A proposta de uma emenda ao Plano Plurianual (PPA 214-2017) feita pelo vereador foi aprovada e prevê tanto a construção de um hospital municipal quanto uma maternidade.  “A emenda já foi aprovada e a verba para a construção do hospital já está garantida, só não será feito nos próximos quatro anos se não for da vontade do Executivo”, destaca. Quanto ao HGC, Júnior faz questão de ressaltar a falta de compromisso da Secretaria Estadual da Saúde (Sesab), comandada pelo secretário Washigton Couto. “É a Secretaria de Saúde do Estado que tem que responder por essa decadência que vive o HGC, é o governo do estado que é o responável por manter o hospital. Mas Jaques Wagner e companhia só vão lembrar de Camaçari quando tiver início o processo eleitoral, pois o ex-prefeito do município é candidato, ele tem o candidato a governador para sucedê-lo e, com certeza, ele virá aqui para pedir o voto das pessoas de Camaçari, as mesmas que perdem seus ente queridos porque o único hospital que atende o município não tem estrutura”.

UTI Móvel

Como se não bastasse a dificuldade para conseguir a tomografia, a família de Rosemeire passou a viver um novo drama na manhã desta terça-feira, 4, quando percebeu que a melhor solução para a paciente internada em estado grave era a transferência.

O problema é que para transferir um paciente na situação em que se encontra Rosemeire, seria necessária uma UTI Móvel, o que o HGC não tem. “A gente não sabe o que fazer, estamos desesperados. Aqui ela não pode ficar porque não tem os equipamentos necessários para cuidar dela, mas também não podemos transferir para um hospital em Salvador porque eles não têm UTI Móvel”, lamentou sem saber o que fazer.

De acordo com o sobrinho, a própria equipe médica que trata do caso da tia, aconselhava a todo momento que a paciente fosse tirada do hospital. “Eles mesmos chamavam a gente e diziam: “Tirem ela daqui se vocês querem que ela consiga sobreviver”, disse.

Para completar, o aparelho que mantém a paciente sedada está apresentando um defeito que chega a ser absurdo. “A gente tem que ficar por perto porque a máquina está quebrada e fica desligando a cada 10 minutos. A gente mesmo liga de novo”, explicou o sobrinho.

SAMU

Uma ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) foi solicidada pela família, mas foi explicado que os carros do SAMU não estão autorizados a realizar esse tipo transferência, mas que teria o suporte necessário em termos de equipamentos.

A família de Rosemeire aguarda agora uma UTI Móvel para fazer a transferência para um hospital em Salvador, onde tenha vaga e estrutura adequada para atender o caso da paciente, que está entre a vida e a morte devido a demora no tratamento. O coordenador do HGC, Dr. Francisco, não estava na unidade para falar sobre o assunto.

Na manhã desta quarta-feira, 5, o irmão de Rosemeire, José Altamiro, disse por telefone que conseguiu a transferência para outro hospital. “Ela foi levada para o Hospital Santa Izabel, em Salvador, ontem à tarde”. Rosemeire deixou o HGC por volta da 14h30 em uma UTI Móvel.

Henrique da Mata/Assessoria de Comunicação

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