O Legislativo Municipal vivenciou uma experiência diferente na manhã desta quinta-feira (2). Em vez dos costumeiros debates na tribuna da Câmara Municipal sobre aspectos sociais e políticos – como acontece todas as terças e quintas –, os vereadores fizeram visitas surpresas ao Hospital Geral de Camaçari (HGC) e a outros dois centros públicos de saúde do município, a Unidade de Pronto Atendimento Nova Aliança, no Phoc I, e a Central de Regulação, no Centro.
O cronograma listava o HGC como o primeiro a ser visitado. Quem recebeu os vereadores foi a coordenadora do hospital, Dorilda Vasconcelos. Os vereadores percorreram toda a parte interna do hospital verificando principalmente as condições de atendimento e higiene da unidade. No corredor pôde ser observada uma quantidade superior a vinte pacientes em macas, por não haver quantidade suficiente de leitos.
O vereador Júnior Borges (DEM) contou que viveu uma experiência que preferia esquecer na noite anterior a visita. Segundo o parlamentar, um sobrinho de sua esposa precisou de atendimento por volta das 23h e teve que ficar no corredor aguardando um médico. “É uma situação absurda, um hospital estadual que atende toda a região no entorno tendo que operar nessas condições”.
Na mesma noite, segundo Júnior, três mulheres grávidas tiveram que ser encaminhadas para outra unidade hospitalar porque não havia vaga para operação de partos. “Uma veio do Conde, outras duas daqui de Camaçari mesmo, mas nenhuma foi atendida por conta da infraestrutura precária do hospital”.
Uma das mulheres teve que ir para Salvador porque o parto era prematuro e, segundo Dorilda, o hospital não tem ainda uma UTI Neonatal para esse tipo de procedimento. “Nós não temos a UTI Neolnatal, temos apenas um berçário que atende esse tipo de caso”.
Durante a visita ao HGC, o único local que foi acordado entre a coordenadora e os vereadores não percorrer foi a emergência que, segundo Dorilda, a quantidade grande de gente que acompanhava a comitiva poderia provocar transtorno aos pacientes que estavam internados. A proposta colocada foi a de que a Comissão de Saúde da Câmara faria uma visita em outra data a ser marcada.
Em seguida, o ônibus que levava os vereadores foi para a Central de Regulação, na Rua da Natividade. Lá as queixas eram muitas: dificuldades no atendimento, na marcação de cirurgias, no encaminhamento para casos específicos, além das grandes filas que se formavam desde o início da noite que antecede o atendimento. Os vereadores permanecerem um tempo aproximado de 45 minutos fazendo sugestões para melhoria nos serviços e ouvindo propostas de solução para o caso.
O diretor do Departamento de Auditoria, Controle e Regulação do SUS, Tiago Novais, enxergou a visita como uma iniciativa positiva para a saúde do município. “Essa é uma forma positiva de conhecer o departamento e as suas principais dificuldades. Espero que isso seja um sinal de contribuição para o nosso trabalho aqui”.
O “tour na saúde” foi concluído com a visita a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Nova Aliança, no bairro do Phoc I. A situação por lá era similar a das outras unidades visitadas, como a reclamação sobre as filas. Júnior Borges voltou a lembrar que urge uma intervenção do município na saúde. “Já falei e volto a repetir, a prefeitura precisa dar mais atenção à saúde e executar um plano emergencial na saúde do município, ou vamos continuar com os mesmos problemas e maus tratos com a população que paga pelos serviços do SUS”.
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