Pela segunda eleição seguida, o PV deixou de lado o arco de alianças de partidos de esquerda e vai caminhar novamente com o DEM na Bahia. Ontem, a direção estadual do partido referendou o apoio ao candidato democrata ao governo, Paulo Souto, em meio à disputa final pelos últimos minutos na propaganda gratuita no rádio e na TV.
“Não somos nem de esquerda nem de direita. Essa dicotomia já foi superada há muito tempo”, disse o presidente estadual do PV, Alan Lacerda, sobre a repetição da aliança feita em 2012 na eleição para prefeito de Salvador com o partido, que sempre foi visto como historicamente ligado ao PT, mas que se distancia cada vez mais dos antigos parceiros. O apoio a Souto foi formalizado ontem, numa convenção no Hotel Mercure, quando foi entregue ao democrata uma lista com 43 reivindicações do partido.
Segundo Lacerda, três motivos fizeram o PV repetir a aliança de 2012: a vontade da maioria dos militantes, a concordância com os 43 pontos elencados no documento e a garantia de montagem de um secretariado mais técnico e menos políticos. “Hoje, quando se quer absorver outro partido, cria-se uma secretaria. Não existe mérito, não existe competência. O que existe é uma soberania. É essa a forma de governar?”, disse Souto.
O ex-governador também adotou um discurso sob medida para os aliados ao afirmar que PV e DEM tem ideais comuns em relação a sustentabilidade e meio-ambiente, bandeiras mestras dos verdes. “Vai agregar tempo de televisão, vai trazer um charme eleitoral que o PV possui e significa votos”, completou Geddel Vieira Lima (PMDB), candidato ao Senado na coligação democrata.
Adesão
Segundo os cálculos do comando de campanha de Souto, com o PV já são dez partidos apoiando o democrata, mas o prefeito ACM Neto (DEM) acha que o número ainda cresce. “Podemos chegar a 18 ou 19 partidos dando apoio”, afirmou. Segundo ele, a conta inclui “outros compromissos firmados anteontem”, mas ele não quis adiantar quais.
No discurso de Neto, novos afagos aos verdes. “Há uma diferença reveladora entre o PV e os outros partidos. Quando sentamos para negociar, em momento nenhum houve exigência de cargos ou barganha de posições. O que o PV colocou como prioridade foi a incorporação dos pontos que eles acham fundamentais”, disse Neto.
Entre eles, Alan Lacerda, que é prefeito de Licínio do Almeida, no Oeste baiano, destaca apoio à causa ambiental e ao semiárido, um programa de diagnóstico médico à distância e mudanças na política educacional. “Temos uma experiência vitoriosa em Licínio. Temos os melhores índices da Bahia no ensino fundamental e II e a melhor escola pública do estado, a Pingo de Gente”, destacou Lacerda .
Presidenciáveis
A aliança, porém, não alcança a esfera federal. Isso porque, ao invés de apoiar o senador mineiro Aécio Neves (PSDB), o PV vai tem candidato próprio à Presidência. “É Eduardo Jorge, um médico baiano. A princípio, a chapa é puro-sangue, mas ainda não está fechada”, disse Lacerda.
Segundo ele, a decisão foi tomada após divergências na eleição passada. “Em 2010, fechamos com Marina Silva, mas tivemos dificuldades em tratar assuntos como aborto e homossexualidade, por conta de uma postura pessoal e religiosa dela”, explicou.
Para os aliados de Souto, a separação na corrida presidencial não trará prejuízos à campanha do democrata. “Mesmo o PV e o DEM em projetos distintos no primeiro turno, ele são convergentes”, disse Neto, sinalizando a possibilidade de união num eventual segundo turno. “A gente respeita Eduardo Jorge. É um quadro conceituado, que com certeza vai colaborar com o debate”, completou.
Os integrantes da chapa também não enxergam problemas no separação de candidaturas no PV. “Não atrapalha em nada, só o candidato do governo, que não vai ter o apoio deles”, disse Geddel, referindo-se ao petista Rui Costa, principal adversário de Souto na sucessão estadual.
Priscila Chamas/Correio
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