Após a manifestação no Centro do Rio que terminou em quebra-quebra nesta segunda-feira (7), as autoridades da área de segurança decidiram nesta terça-feira (8) que quem for identificado como autor de atos violentos e de vandalismo nas manifestações vai responder por organização criminosa. A lei que permite esse tipo de indiciamento entrou em vigor recentemente, e prevê pena mais severa, de até oito anos de prisão, como mostrou o Jornal Nacional.
O governador Sérgio Cabral disse que a polícia se posicionou de forma correta garantindo uma manifestação tranquila para os professores. Em nota, a Polícia Militar informou que quando os criminosos começaram a depredação do patrimônio público, os policiais agiram com os recursos adequados a este tipo de situação.
O ato
A passeata dos professores foi pacífica que reuniu milhares de pessoas — 10 mil, segundo a Polícia Militar, e 50 mil, de acordo com o sindicato de professores. Após as 20h, um grupo com cerca de 200 jovens pichou, quebrou janelas e tentou invadir e incendiar o Palácio Pedro Ernesto, sede da Câmara Municipal, na Cinelândia, dando início a uma série de vandalismos.
Um preso
Pelo menos 15 manifestantes foram detidos e levados para a 5ª DP (Mem de Sá). Um deles era menor de idade. Eles foram revistados e liberados porque nada que pudesse configurar o flagrante foi encontrado. Na mesma delegacia, um homem que se aproveitou do tumulto foi preso após ser achado com quatro aparelhos de televisão e pares de chinelo, em um ponto de ônibus próximo à Central do Brasil. A polícia investiga se ele furtou os produtos durante a confusão. Em depoimento, o preso negou o crime e disse que apenas recebeu o material. Ele foi autuado por receptação e, segundo a polícia, tem cinco passagens por furto na mesma região.
De acordo com advogados do Instituto de Defesa dos Direitos Humanos (DDH), outras duas delegacias receberam ativistas detidos. Um foi levado à 12ª DP (Copacabana), e outros três foram conduzidos à 17ª DP (São Cristóvão).
A violência dos ativistas dispersou o ato por volta das 20h30. Até então, seguia sem conflitos, apenas com palavras e faixas contra a política educacional do estado, em apoio à greve e contrário ao plano de cargos e salários aprovados pelos vereadores (entenda o impasse). As avenidas Presidente Vargas, onde a passeata começou, e Rio Branco, por onde seguiu até a Cinelândia, tiveram trechos interditados durante a noite, atrapalhando o trânsito.
A depredação chegou também ao Theatro Municipal, outro prédio centenário do Centro, ao lado da Câmara. Na sede do Legislativo, segundo a assessoria de imprensa da casa, agentes do grupamento especial da Guarda Municipal e o efetivo da Coordenadoria Militar conseguiram impedir a invasão. Os vândalos jogaram galões de gasolina e bombas caseiras pelas janelas, na tentativa de incendiar o prédio. A parte externa foi pichada com palavras contra o prefeito Eduardo Paes e o governador Sérgio Cabral.
Dispersos, os mascarados seguiram quebrando bancos, placas, pontos de ônibus e fazendo fogueiras com lixo e entulho por ruas do Centro, Glória e Lapa. Um ônibus foi incendiado próximo ao Cine Odeon, ainda na Cinelândia. Bombeiros controlaram o fogo. Ninguém ficou ferido. Outro coletivo, desta vez perto dos Arcos da Lapa, foi depredado. Segundo a Rio Ônibus, foram mais de dez veículos quebrados.
Até então, poucos policiais tinham sido vistos nos arredores do protesto. Um agente que não quis se identificar confidenciou: “Recebemos ordem para não fazer nada. Ficamos entrincheirados no QG [quartel-general] e, pela primeira vez, começamos a trabalhar depois que fomos atacados”, disse ao G1.
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