A presidente Dilma Rousseff admitiu, pela primeira vez, que ela e sua equipe econômica demoraram para perceber o tamanho da crise econômica que afeta diversos países do mundo.
Em entrevista para O Globo, a petista avaliou que “talvez” tivesse adotado medidas corretivas ainda no ano passado, mas que nunca previu uma queda tão brusca na arrecadação. “Errei em ter demorado tanto para perceber que a situação era mais grave do que imaginávamos. Talvez, tivéssemos que ter começado a fazer uma inflexão antes. Não dava para saber ainda em agosto. Não tinha indício de uma coisa dessa envergadura. Talvez setembro, outubro, novembro”, comparou, se referindo à situação no ano passado. Mesmo assim, ela lembrou de medidas tomadas ainda durante o período eleitoral, como a manutenção de investimentos e das desonerações e a concessão de subsídios para empréstimos.
Para Dilma, talvez a redução gradativa das políticas tivesse causado um impacto menor. “Agora, eu nunca imaginaria, ninguém imaginaria que o preço do petróleo cairia de 105 dólares (o barril) em abril, para 102 dólares em agosto, para 43 dólares hoje”, comparou. Quanto à questão vai para a economia internacional, a presidente acredita que o cenário futuro será ainda mais imprevisível.
Na entrevista, ela explicou que nas reuniões dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), predominava a avaliação de que todos superariam a crise. Mas a situação se reverteu, principalmente com a forte queda do mercado chinês nesta segunda-feira (24). “Estamos diante de retração do mercado internacional da qual não se sabe a dimensão, não se sabe. Vamos ter de saber lidar com a desaceleração internacional. […] Estava achando que era superada por tudo o que eu sabia, por tudo o que eu escutei. Ia ter dificuldades, mas você não ia ter uma situação muito difícil. A partir de hoje, eu não sei. Ninguém sabe”, lamentou.
Seja o primeiro a comentar