A um mês da votação final do impeachment no Senado, os apoiadores da presidente afastada, Dilma Rousseff, ainda não conseguiram “virar” votos para recolocar a petista no Palácio do Planalto. Nem o próprio PT parece ter fôlego para reverter o jogo. Levantamento do Correio, realizado com 81 senadores, aponta que a situação está praticamente definida. Dos 57 parlamentares que declararam como vão votar, 39 se posicionaram pelo afastamento definitivo de Dilma e 18 contrários. Para afastar a presidente definitivamente, são necessários 54 votos. Dos 17 que não externaram como pretendem votar, 11 declararam o “sim” durante a primeira votação no Senado, em maio, que deu seguimento ao processo de impedimento, três disseram “não” e três não votaram. Dois senadores, Romário (PSB-RJ) e Lúcia Vânia (PSB-GO), que apoiaram a admissibilidade do impeachment, não foram localizados.
Ao contrário do que aconteceu às vésperas da votação na Câmara, com uma intensa tentativa de convencer parlamentares a “dizer não ao golpe”, hoje, a articulação política no Senado para reverter os votos pró-impeachment segue tímida. Integrantes do PT revelam reservadamente que pode até ser melhor para o partido que Temer siga até 2018. Dessa maneira, a sigla se reorganizava e apostava todas as fichas em Lula, que já percorre o país para tentar resgatar sua imagem, bombardeada pelos efeitos da Operação Lava-Jato.
Os 10 senadores da bancada do PT no Senado tinham fechado questão e apoiaram integralmente a convocação de um plebiscito para a população brasileira decidir sobre a realização de eleição presidencial neste ano. Mas a proposta perdeu força pela indefinição da própria presidente afastada e do comando do partido. Agora, a estratégia é divulgar uma carta ao povo brasileiro. No documento, Dilma explicaria o que faria em caso de retorno.
Bloco da interrogação
De acordo com o levantamento do Correio, ainda há o bloco daqueles senadores que se dizem indecisos. São eles: Eduardo Braga (PMDB-AM), Omar Aziz (PSD-AM), Pedro Chaves (PSC-MS) e Acir Gurgacz (PDT-RO). Os novos oposicionistas esperavam contar com o voto de Braga, no entanto, circula a informação nos corredores do Senado de que ele fechou com Michel Temer e votará pelo afastamento da petista.
Nos bastidores, comenta-se que ele espera que o presidente interino ajude a fazer com que o processo de cassação do governador do Amazonas, José de Melo, que se encontra no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), tenha celeridade. Em caso de cassação, Braga assumiria o posto, já que ficou em segundo lugar nas eleições. Em janeiro, Melo teve mandato cassado por compras de votos e recorreu da decisão.
O voto de Omar Aziz (PSD-AM), que se posicionou a favor do impedimento na primeira votação, pode mudar justamente em razão da articulação entre Braga e Temer. Ele é desafeto do senador e aliado do governador José de Melo. Petistas ouvidos reservadamente dizem que dificilmente Braga votará contra o impeachment. No início da semana, ele se reuniu oficialmente com o presidente interino. A assessoria de imprensa de Braga confirmou o encontro, mas comunicou que ele é relator do Orçamento e que esteve uma hora antes com o ministro do Planejamento, Diogo Oliveira, para tratar de fundos setoriais. Braga não votou em maio porque estava de licença médica.
Fonte: Correio Braziliense
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