A Standard and Poor’s (S&P) rebaixou novamente a nota de crédito soberano do Brasil nesta quarta-feira (17), mais de cinco meses após o país perder o selo de bom pagador pela agência. O rating, que é usado como referência para os investidores estrangeiros aplicarem recursos no Brasil, foi cortado em um nível, passando de BB+ para BB, com perspectiva negativa.
A agência justificou sua decisão alegando que o perfil do crédito do Brasil se debilitou desde setembro do ano passado, enquanto os desafios políticos e econômicos seguem sendo “consideráveis”.
Em setembro, o Brasil perdeu o grau de investimento pela S&P, quando a nota do país foi rebaixada de “BBB-” para “BB+”, com perspectiva negativa.
O grau de investimento é um selo de qualidade que assegura aos investidores um menor risco de calotes. A S&P foi a primeira agência entre as maiores a tirar o grau de investimento do Brasil.
O Ministério da Fazenda informou estar convicto que o novo rebaixamento da nota de crédito do Brasil é temporário e será revertido “tão logo os resultados das medidas em andamento comecem a produzir efeitos na economia, levando ao reequilíbrio fiscal e à recuperação do crescimento”.
No corte desta quarta-feira, a S&P afirmou esperar “um processo de ajuste mais prolongado com uma correção mais lenta da política fiscal” e previu que o país fechará 2016 com uma contração de cerca de 3% e terminar 2015 com queda de 3,71%.
A agência mantém o otimismo para 2017, quando acredita que o país crescerá 1%. A S&P mencionou mais uma vez o conturbado ambiente político, que mantém a presidente Dilma Rousseff à beira de um julgamento no Congresso visando sua destituição, e que, de acordo com a agência, “complica a aprovação de medidas de ajuste fiscal para reativar a maltratada economia nacional”.
“Apesar dos planos do governo para planejar uma reforma estrutural, como a da previdência, esperamos que o ambiente político após o processo de impeachment siga limitando a viabilidade das reformas, independentemente de quem seja presidente”, expressou a agência.
A S&P lembrou ainda dos escândalos de corrupção, que envolvem dezenas de políticos, como um ingrediente mais que mantém o clima de incerteza no país. “Acreditamos que as atuais investigações de corrupção de indivíduos e empresas de alto nível, tanto no setor privado como no público, e em diferentes partidos políticos, aumentaram a incerteza política no curto prazo”, opinou.
O país também perdeu o grau de investimento pela agência Fitch, que em dezembro cortou a nota do país pela segunda vez em dois meses: de BBB- para BB+, o primeiro degrau do que é considerado grau especulativo. A agência também colocou a nota do país em perspectiva negativa, indicando que ela pode voltar a ser rebaixada.
Moody’s
O país segue com grau de investimento apenas pela Moody’s, que já avisou que pode cortar a nota do país a qualquer momento.
Em dezembro, a agência colocou a nota de crédito soberano do Brasil em revisão para um possível rebaixamento. A atual nota do país é Baa3 – o último nível dentro do grau de investimento.
Efeito
Para o economista-chefe da agência de risco brasileira Austin Rating, Alex Agostini, esse novo corte não tem mais efeito prático para o Brasil. A única consequência, segundo ele, é que aumenta a distância do Brasil em relação ao selo de bom pagador, que foi perdido em setembro.
“O país fica um passo mais distante de recuperar o grau de investimento pela S&P. Na prática, pode levar mais tempo para o Brasil retomar a nota que alcançou no passado”, avalia o economista.
Na visão de Agostini, desde a perda do grau de investimento, a situação piorou no Brasil. “Todos os indicadores demonstram uma piora, além da falta de governabilidade tanto no ambiente político como econômico”, diz.
Fonte: G1
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