Com o caos implantado no município, diversas áreas passam por muitos problemas. Uma delas é a saúde, que tem enfrentado durante esta ano inúmeras greves. E mais uma grave situação envolvendo a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Gleba A vem à tona com uma denúncia sobre os salários dos funcionários, após o fechamento da unidade desde o dia 5 de outubro.
Médico na UPA da Gleba A, o Dr. Artur Sampaio resolveu falar com a nossa reportagem sobre a situação que vivem os funcionários da unidade. Ele já foi Coordenador Geral de Urgência e Emergência do Município, Coordenador Médico das Upas de 2011 a 2015, e atualmente é concursado do município, servidor de carreira e trabalha na UPA como Médico Clínico Geral.
O Dr. Artur explica que a UPA da Gleba A/Gravata é de porte 2 nos padrões ministeriais e conta com uma equipe de 5 médicos por dia, sendo 3 clínicos e 2 pediatras nas 24 horas. Tem capacidade para atender uma população de 200 mil habitantes. Ainda conta com serviços de laboratório e radiografias.
A UPA é gerida por uma organização social chamada Instituto de Gestão e Humanização (IGH) e os médicos são contratados via Pessoa Jurídica, em uma forma de contratação onde os funcionários abrem uma empresa individual para receber os salários, assim não se cria vínculo trabalhista.
O que o médico explica é que a UPA não tem um planejamento para o pagamento dos funcionários. “O que vem ocorrendo é que desde a sua inauguração os médicos nunca tiveram dia certo para pagamento. Várias foram as tentativas de se acertar um calendário de pagamento, mas todas sem êxito”, afirmou Dr. Artur, que ainda faz a grave denúncia: “essa situação se agravou nos últimos 3 meses e os médicos, numa tentativa de garantir seus direitos, optaram por, a partir de 15 dias de atraso, iniciar a restrição de atendimento a pacientes graves (classificados como vermelhos e amarelos). Essa medida teve resultado nos 2 primeiros meses, entretanto neste último mês, principalmente após as eleições, não há nenhuma tentativa de negociação e previsão de pagamento por parte do IGH ou da Secretaria de Saúde”, declarou.
Para o médico a situação causa um grande impacto negativo na assistência à população de Camaçari, lembrando que o município possui apenas uma ambulância do SAMU para atendimento. “A UPA é o nosso principal equipamento de atendimento de Urgência e Emergência. Condição preocupante, pois Urgência e Emergência não podem esperar. ” Lamentou Artur Sampaio.
Em entrevista no dia 14 de outubro, à Rádio Sucesso FM, na segunda edição do programa Bahia no Ar, o secretário de Saúde, Washington Couto, afirmou saber sobre a falta de pagamento não apenas dos médicos. “Tenho conhecimento, todos serão resolvidos. Mando abraço à toda equipe da Gleba A, e a gente reconhece o excelente atendimento que eles dão lá à população. Estamos tomando providências para que esses atrasos não aconteçam mais”. Sobre a entrevista do secretário, Artur resumiu: “mandou até abraço. Respostas evasivas, sem nada de concreto. Promessas. Não acreditamos mais. Os médicos lutam por uma saúde de qualidade e querem trabalhar”.
Vale lembrar que somente este ano os médicos entraram em greve por duas vezes. Em janeiro os profissionais da saúde ficaram 20 dias sem realizar serviços por conta da falta de condições de trabalho. Já em março, os médicos passaram mais de 4 meses paralisados, sob a mesma alegação da falta de estrutura das unidades de saúde, além da falta de planos de cargos e salário.
Assessoria de Comunicação
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