A soma do faturamento das empreiteiras envolvidas no esquema investigado pela operação Lava Jato triplicou entre 2004 e 2013, segundo dados da Câmara Brasileira da Construção Civil (CBIC) –que têm como fonte a revista “O Empreiteiro”.
Em valores atualizados pelo IPCA, o faturamento das empresas saltou de R$ 15 bilhões, em 2004, para R$ 44,4 bilhões, em 2013. O valor se refere às receitas das empresas Norberto Odebrecht, Andrade Gutierrez, OAS, Camargo Corrêa, Queiroz Galvão, Galvão Engenharia, Mendes Júnior e Constran (Integrante do grupo UTC). A Engevix –a nona envolvida na Lava Jato– não está incluída no ranking e não teve faturamento computado.
Em 2013, seis das oito construtoras ocupavam as seis primeiras colocações de empreiteiras em faturamento (estavam fora apenas Mendes Júnior e Constran).
Com os bons faturamentos ao longo desses dez anos, as empresas também viram seus patrimônios líquidos crescerem, saltando de R$ 17 bilhões para R$ 22 bilhões (em valores atualizados) entre 2004 e 2013, um aumento de cerca de 30%.
A Norberto Odebrecht é a empresa com maior patrimônio estimado, de R$ 8 bilhões em 2013. A construtora também foi a que mais faturou em todos esses dez anos, com R$ 83 bilhões em receitas. O patrimônio da empresa foi a que teve maior crescimento e triplicou desde o início do governo federal petista.
Importância do poder público
Grande parte dos valores recebidos pelas empresas veio de contratos com governos, especialmente a Petrobras –que teve no governo petista uma política de investimento para autossuficiência em petróleo e a exploração do pré-sal. Em 2003, a estatal investia US$ 7,4 bilhões por ano. Em 2013, esse valor chegou a US$ 50 bilhões.
Além disso, as empresas foram responsáveis por obras importantes do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e da Copa do Mundo.
Nos balanços das empreiteiras, é possível identificar que quatro das oito tiveram maior faturamento com contratos públicos das mais diversas origens. A Mendes Júnior por exemplo, teve 75% de suas receitas advindas de pagamentos públicos. No caso da Galvão Engenharia, esse percentual foi de 69%; da Andrade Gutierrez, 61%; e da Queiroz Galvão, 53%.
Nas outras empresas, a participação pública foi menor, mas ainda assim como grande fatia de contratos com governos. São elas: Constran (45%), Odebrecht (40%), Camargo Corrêa (38%) e OAS (37%).
Financiamento de campanhas
Com muito dinheiro em caixa, as empreiteiras passaram a ser as maiores financiadoras privadas de campanhas. Somente na campanha de 2014, as empreiteiras doaram pelo menos R$ 207 milhões a candidatos de todos os cargos.
Para o juiz e um dos autores da Lei da Ficha Limpa Márlon Reis, a força adquirida pelo lobby das grandes empreiteiras viciou o sistema de licitações. “A grande maioria dos empresários não acredita na possibilidade de participar das grandes licitações em condição de igualdade com as financiadoras de campanha. Isso reduz a confiança nas instituições, inibe a livre concorrência e reduz o ritmo do desenvolvimento”, analisou.
Fonte: UOL
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