Em janeiro de 2021, a Ford anunciou o fechamento imediato da fábrica de automóveis em Camaçari (Região Metropolitana de Salvador), além do fim da produção nas unidades de Taubaté (SP) e da Troller (Horizonte, CE). Na sexta-feira, 1, a montadora apresentou seu novo Centro de Desenvolvimento e Tecnologia brasileiro, com sede em Camaçari, e uma área de design e novas tecnologias em Salvador.
Fazem parte desse ecossistema de pesquisa o Centro de Desenvolvimento e Testes em Tatuí, São Paulo, e uma estrutura em Pacheco, na Argentina, (cujo foco é a melhoria contínua da qualidade da Ranger).
Quando encerrou a produção de automóveis no Brasil, a Ford manteve o Centro de Desenvolvimento e Tecnologia no país. Que foi transferido da área da antiga fábrica na Bahia, sendo levado para seis galpões em uma área de 6 mil m² em Camaçari, fornecida pelo Senai Cimatec, e chamada de Ford Park.
Localizado no condomínio industrial Cimatec Park, o Ford Park abriga o estúdio de design, laboratórios de realidade virtual e de Teardown – para a desmontagem e análise de componentes -, escritórios e uma nova área, o D-Ford. Que está estruturada como uma startup, com foco em inovação, realizando pesquisas, a fim de antecipar as necessidades dos consumidores, anos antes de os veículos chegarem às ruas.
De acordo com o presidente da Ford América do Sul, Daniel Justo, o Centro de Desenvolvimento opera como uma unidade de negócio autossustentável, com expectativa de receita de R 500 milhões em 2022 para a Ford no Brasil.
“Isso mostra que a engenharia brasileira é extremamente competitiva e que vale a pena investir em pesquisa, desenvolvimento e inovação no país”, afirma Daniel Justo.
Empregos
No total, a equipe do Centro de Desenvolvimento e Tecnologia da Ford Brasil é formada por 1.500 profissionais, sendo que 500 foram contratados recentemente. O time atua agora em projetos de veículos elétricos, autônomos e conectados. A equipe, segundo a montadora, trabalha integrada ao ecossistema global de inovação da Ford, na criação das tecnologias que vão moldar o futuro da mobilidade.
“A inovação contínua é o diferencial entre as empresas que vão crescer e as que vão desaparecer neste mundo em constante mudança. Isso nos leva a outro grande desafio: a demanda cada vez maior por engenheiros e especialistas. Vimos nesse cenário a oportunidade de ampliar nossa atuação com a exportação de serviços de engenharia para os principais mercados da Ford no mundo, aproveitando a criatividade, versatilidade e a sólida experiência em custos dos nossos profissionais”, explica Daniel Justo.
Segundo a montadora, o Centro de Desenvolvimento e Tecnologia da Ford Brasil é um dos nove da empresa no mundo e está entre os maiores e mais completos do Hemisfério Sul. “Nos últimos meses, as demandas por serviço cresceram em volume e complexidade e, atualmente, 85% do trabalho é focado em projetos globais”.
O diretor de Engenharia da Ford América do Sul, André Oliveira, destaca que “A capacidade de desenvolver projetos extremamente complexos do início ao fim é uma vantagem competitiva que tornou o Centro de Desenvolvimento brasileiro uma referência na Ford mundial”.
Patentes
Em parceria com o Instituto Euvaldo Lodi (IEL) da Bahia, a Ford mantém um ecossistema de pesquisadores com mais de 200 profissionais distribuídos em 17 estados brasileiros, que atuam em 120 projetos, a maioria voltada à conectividade, inteligência artificial e big data. A Ford Brasil também investe em pesquisa, e já obteve o registro de mais de 70 patentes globais.
“A base de tudo que fazemos e do que está por vir no futuro da mobilidade é a pesquisa, seja de novos produtos, materiais ou mesmo de utilizações. A pesquisa é necessária para qualquer empresa ou país que queira se sobressair. Nesse ambiente de inovação surgem grandes ideias, muitas delas, inclusive, dão origem a patentes, dado o seu grau de originalidade”, reforça André Oliveira.
Uma delas é o uso de grafeno, material versátil, resistente, fino e flexível, que também é um dos melhores condutores do mundo e abundante no Brasil. Em parceria com a Universidade Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul, a Ford criou uma célula de pesquisa dedicada ao tema.
“Nosso time faz estudos e testes usando grafeno combinado a vários materiais, como borracha, para deixá-los mais duráveis e resistentes. Existem outros projetos inclusive para aplicação em carros elétricos, uma vez que o grafeno possibilita a redução do peso de componentes, o que, por consequência, leva a um aumento da vida útil das baterias”, explica André Oliveira. Ele afirma que o Centro de Desenvolvimento do Brasil vai investir em estudos de recursos e minerais existentes no país.
Projetos globais
O desenvolvimento da nova linguagem de design dos futuros veículos elétricos da Lincoln, a implementação de tecnologias eletrificadas em modelos para o mercado global e o desenvolvimento das futuras gerações do sistema multimídia da Ford são alguns dos projetos com expressiva participação da equipe do Brasil.
Os profissionais do Brasil são responsáveis pela criação e aperfeiçoamento de um terço das funcionalidades embarcadas nos veículos Ford ao redor do mundo, a exemplo do “One Pedal Drive” do Mustang Mach-E – permite dirigir usando apenas o acelerador, sem acionar o pedal do freio – e da “Zone Lighting”, que controla as luzes externas da F-150, inclusive da Lightning, sua versão elétrica.
De acordo com a Ford, no desenvolvimento dos veículos autônomos, o conhecimento brasileiro é aplicado na adequação da carroceria para o posicionamento de sensores, radares e câmeras e para a padronização da sua instalação, bem como no projeto de seus sistemas de limpeza.
E no campo de veículos conectados e desenvolvimento de software, a empresa destaca projetos criados para o mercado brasileiro, incluindo as novas funcionalidades conectadas da Transit.
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