A 33ª fase da Operação Lava-Jato, intitulada “Resta Um” mira, nesta manhã de terça-feira (2/8), a participação da Construtora Queiroz Galvão para barrar a CPI da Petrobras em 2009. Cerca de 150 policiais federais estão nas ruas de seis estados cumprindo mandados de prisão, de busca e de condução coercitiva ordenados pelo juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba, Sérgio Fernando Moro. “Há indícios, que incluem a palavra de colaboradores e um vídeo, de que R$ 10 milhões de reais em propina foram pagos pela Queiroz Galvão com o objetivo de evitar que as apurações da CPI tivessem sucesso em descobrir os crimes que já haviam sido praticados até então”, informa a Procuradoria da República no Paraná. Em depoimento, o ex-diretor da petroleira Paulo Roberto Costa disse que o dinheiro foi pedido pelo falecido senador e ex-presidente do PSDB Sérgio Guerra (PE) o deputado Eduardo da Fonte (PP-PE), que responde a inquérito específico no Supremo Tribunal Federal.
A Queiroz Galvão faz parte do chamado “cartel das empreiteiras” que combinava licitações, superfaturava obras na Petrobras e distribuía um percentual de 1% a 3% em propinas para políticos, partidos e funcionários da estatal. A Polícia Federal cumpre, desde a madrugada, 32 mandados judiciais em São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Goiás, Pernambuco e Minas Gerais. São 23 mandados de busca e apreensão, 2 de prisão preventiva, 1 de prisão temporária (detenção por cinco dias) e 6 de condução coercitiva, quando a pessoa é levada para prestar depoimento. Os alvos são dirigentes e funcionários da Queiroz Galvão e do consórcio Quip S/A, do qual a empreiteira mencionada era acionista líder. O ex-presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, e seu ex-chefe de gabinete, Armando Tripodi, não estão entre os alvos, apurou o Correio.
A investigação tem duas frentes. A primeira investiga executivos da Queiroz Galvão, pelo pagamento de valores indevidos em favor de altos funcionários das diretorias de Serviços e de Abastecimento da Petrobras. As obras investigadas no esquema de corrupção, segundo a PF, englobam contratos em complexos petroquímicos no Rio de Janeiro, na Refinaria Abreu e Lima, Refinaria Vale do Paraíba, Refinaria Landulpho Alves e Refinaria Duque de Caxias. Outra frente apura a denúncia de pagamento de propina ao PSDB para esvaziar a CPI da Petrobras, em 2009. Os mesmos fatos são analisados em um inquérito no Supremo Tribunal Federal contra o deputado Eduardo da Fonte (PP-PE), que tem foro privilegiado naquela corte.
Em 2014 e em fevereiro de 2015, o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa relatou à Polícia Federal e ao Ministério Público que então senador Sérgio Guerra o deputado Eduardo da Fonte lhe falaram “sobre a possibilidade de o PSDB barrar a CPI da Petrobras mediante alguma contrapartida”. O ex-dirigente procurou Armando Tripodi, chefe de gabinete do então presidente da estatal, José Sérgio Gabrielli, que teria dito: “Seria bom se o problema fosse resolvido”. A seguir, num encontro num hotel na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, Guerra e “Dudu da Fonte”, como também é conhecido, pediram R$ 10 milhões em propina, segundo o depoimento em colaboração premiada de Paulo Roberto Costa. O pagamento foi feito pela empreiteira Queiroz Galvão, segundo o ex-diretor.
Fonte: Correio Braziliense
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